Desde o final dos anos 1970 já
ouvimos dizer que era chegada a Era de Aquário, e que então a harmonia e
compreensão habitariam este mundo, bem como a simpatia e confiança seriam
abundantes, e que haveria a verdadeira libertação da mente. Tal qual a música do
musical Hair, Age of Aquarius, que os adultos mais conservadores da época achavam
ser um arrazoado de rebeldia e loucura, mas muito além daquele tempo, começava
realmente uma nova era na qual cresci.
Sem ao menos suspeitar o que
poderia tudo isso significar na minha infância, que foi vivida da forma mais
conservadora possível, o mundo realmente começou a passar por significativas
alterações, paralelo ao meu crescimento, mas pude, mais sentidamente por ser
mulher, perceber. Adolescente dos anos 1980, aproveitei minhas condições e
privilégios para estudar e ver a mulher tomar voz no meio profissional e
pessoal. A sociedade passou a evoluir em passos lentos questões que hoje,
passados quase cinquenta anos, são tão expostas de forma ampla sobre diversidade, liberdade,
racismo, solidariedade, direitos, recursos naturais e outros.
Mesmo com toda lentidão, chegamos
a mudanças radicais em nossa forma de vida e viver, com a tecnologia se
integrando cada vez mais em nosso dia a dia, até se tornar indissociável de
nossa vida. Mudamos de século, passamos a ver e acompanhar outros países, povos
e costumes e nos globalizar. Cogitamos o final do mundo em 2012 por conta de
profecias de antigos povos que aqui habitaram, e outras tantas explicações que se
sucedem até hoje sobre o que está nos acontecendo e também em nosso planeta.
A polaridade de opiniões nunca
esteve tão presente, e chegamos ao final de 2021 com uma parcela da humanidade
esperando a chegada de seres de dimensões mais evoluídas aportarem com suas
naves na Terra para nos ajudar, e outra em absoluto adormecimento, acreditando
até que a Terra é plana. E no meio dessa multidão, outras muitas e variadas
certezas quanto a crenças e verdades do que estamos realmente vivenciando.
Mas o que parece certo a todos, é
que ALGO está acontecendo. Uns otimistas quanto a nova era, outros pessimistas
acreditando no final dos tempos. Desta vez, a mim me parece que ambos acertam,
tanto para o bem tanto quanto para o mal. Pois acredito que qualquer grande
mudança passe por uma crise, sempre muito dolorosa, para que então surja o
novo.
Saindo, ou tentando sair, de uma
pandemia que parou o mundo todo de alguma forma, trazendo à tona tudo o que há
de ruim e o que há de bom de cada um de nós, tivemos que nos reinventar. Quero
crer que fomos privilegiados ante os dinossauros, que não tiveram opção e foram
extintos. Pelo menos até agora...
Neste período tão exclusivo
destes tempos, passamos por muitas mortes diárias de tudo que aprendemos como
certo. A doença em si que nos cravou na alma a certeza da finitude e
fragilidade do corpo físico; a necessidade de conexão com dimensões diferentes
(energias, frequências e toda e qualquer onda que nos seja invisível nesta
terceira dimensão) para que a mente não tresloucasse; a exposição da
fragilidade ou fortaleza das nossas relações, que nos afastaram de muitas
pessoas ou nos aproximaram de forma verdadeira à outras.
Neste turbilhão que andamos
metidos neste momento, na verdade o que precisamos é nos abrir ao novo,
sepultando as muitas crenças que nos limitaram por anos, séculos e milênios.
Não é preciso exemplificar o
quanto tudo isso tem sido doloroso e desafia nossa saúde mental. Cada um em seu
íntimo vive momentos difíceis nessa transição, assim como as pessoas ao redor,
e assim por diante, formando uma rede que envolve nosso planeta.
É preciso entender como essa teia
de dificuldades pode se transformar e resultar na nossa evolução. Quero crer
que o auto conhecimento seja a arma mais poderosa, pois somente sabedores de
quem somos e o quanto nos falta, equilibraremos o ego para vivermos em paz e
com empatia.
“Conhece-te a ti mesmo, torna-te
consciente de tua ignorância e serás sábio.” Sócrates