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segunda-feira, 26 de setembro de 2016




Só um lembrete!
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e
inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,
pois a única falta que terá,
será desse tempo que infelizmente não voltará mais.
Mário Quintana

Chegar aos 50 e olhar para trás... Pode-se dizer que é um clichê inevitável.

Às vésperas dos cinquenta anos da minha chegada nesta vida, me sinto igualmente de quando fiz 20, 30 e 40 anos. No espelho me enxergo da mesma forma de quando aos vinte tentava alisar meu cabelo sempre tão armado, e hoje quase aos cinquenta, tento armar um pouco os fios alisados pela escova progressiva... Isso todos os dias pela manhã, rotineiramente.

O olhar é o mesmo, a vida é a mesma, a essência é a mesma.

Agora não me mostrem fotos... Nelas vejo o tempo impresso e reconheço a rapidez que se passaram todas as minhas realizações e desilusões. Parece ser assim, no espelho a chama da vida que se renova a cada movimento e nas fotos as marcas que o tempo deixou.

Passou rápido? Passou nada! Se eu começar a pensar nas tantas coisas que aconteceram nesses cinquenta anos fica difícil dizer que parece que foi ontem... Na minha história tem o namoro, o emprego e carreira, o casamento, a filha... Na história ao meu redor tem a ditadura, as diretas já, a televisão colorida, o computador, a internet, os celulares... Caramba, quando aos vinte anos achei que poderia falar com qualquer pessoa em tempo real por meio de um pequeno aparelho nas mãos... E reclamar quando a pessoa demora em responder!

Ao mesmo tempo foi muito rápido quando me lembro de acordar pela manhã, e me olhar no espelho do banheiro da minha casa em São Paulo aos vinte anos, e imaginar que tudo daria certo, que eu iria conseguir ter a vida que sempre sonhei. Piscar e acordar agora, em outro espelho, trinta anos depois. E a estrada que me trouxe para esse espelho foi parecida com a que eu planejei, mas me deixou em um lugar com diferentes conquistas e perdas.


Vou completar 50 anos. Não queria ser uma jovem de novo, porque é muito difícil ser jovem em qualquer tempo, pois não se sabe o que esperar da vida e do mundo, a apreensão é muito estressante, por isso a vitalidade tem que ser grande... Também não quero ser uma senhora de 80 anos, pois quero lutar ainda para não ser amargurada e triste como muitas que vejo por aí, sozinhas e perdidas por terem deixado passar a oportunidade impar que é a vida.

Quero mais é ter 50 mesmo! Pensar em tudo que passei com um sorrisinho no canto da boca, rir de muitas coisas que passaram e ás vezes me entristecer com algumas perdas e fracassos. Viver mais quantos anos ainda me seja permitido viver, pois como disse sabiamente Kundera, “A felicidade de ser festejada supera em mim a vergonha de envelhecer”.