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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Mais um ano...



Mais um ciclo se fecha,  em uma velocidade que só se percebe quando ao olharmos no calendário, vemos os meses que passaram e o fim de dezembro próximo.

Lugar comum dizer que o ano foi difícil... acho que é melhor agradecer as provações que me fizeram mais forte e aguardar a felicidade que me faça mais doce.

Ainda com o gosto natalino na boca, procuro incorporar as mensagens de paz e amor no meu dia a dia. Exercício diário na tentativa de ser uma pessoa melhor.

As alegrias estiveram presentes, alguns frutos colhidos, mas a luta continua mais e mais... A fase ainda é de trabalho... muito trabalho... no aguardo da roda gigante da vida girar, para que eu possa ver a paisagem lá de cima!


Renova-te.

Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.

Cecília Meireles


FELIZ 2013!

Opa! o 13 é meu número da sorte!!! 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

NOSSA CASA DE PRAIA



Tinha mais ou menos dez anos quando meu pai construiu a nossa casa de praia, próxima a São Paulo, onde morávamos.  Vendo as obras no início, no local onde foi construído um dos banheiros, imaginei tudo pronto e consegui enxergar nossa família rindo, brincando e aproveitando a casa. Vislumbrei o passar dos anos naquele pedaço de terra, ainda sem piso, que ali seríamos muito felizes. Esqueci, na inocência da minha infância, que também haveria tristeza e dor. Claro, afinal era a vida real.

Durante a construção, acompanhada de perto por meu pai, víamos subir semana após semana uma linda casa, com uma sala ampla, dois quartos, e toda avarandada para um belo quintal. Próxima da praia, ansiávamos por vê-la pronta e assim desfrutar os dias de verão naquele local ainda bem desabitado, com pouquíssimos veranistas. E assim, em dezembro de 1976, passamos a ter endereço certo nas férias.

Em nossa casa de veraneio, inicialmente amarela, vivemos tudo o que foi de bom e ruim de nossas vidas.

No começo tudo era alegria, muito sol, praia, amigos e familiares. Íamos logo após o natal e lá rompíamos o ano novo e adentrávamos janeiro e fevereiro, voltando somente para o início das aulas. Podíamos levar amigas, e eu particularmente sempre tinha a companhia de alguma amiga para desfrutar nas férias. Plantamos mudas de coqueiros e pinheiros e pudemos acompanhar seu crescimento.

Os problemas começaram quando a novidade passou e a adolescência chegou. Passamos a não gostar, principalmente minhas irmãs, de ficar isoladas por quase dois meses na praia, sem telefone e o convívio com a cidade grande. As paqueras e os namoros começavam e meu pai ficava furioso por preferirmos ficar em São Paulo ao invés de desfrutar os dias de sol na praia, na casa construída por ele, para nós.

Anos difíceis vieram, sobrepujando as alegrias das festas de fim de ano, onde pedíamos por um ano abençoado, sempre com muita alegria e esperança.

Sempre que ia naquele banheiro, no mesmo local da minha primeira visita à casa ainda sem piso e telhado, invariavelmente me lembrava do dia em que enxerguei nossa vida lá. Dois sentimentos se alternavam nessas horas, ou estava mais feliz do que imaginei ou tão triste como nunca pensei que pudesse estar.

O tempo passava e a casa e nós nos modificávamos. A piscina foi construída, depois um deck, churrasqueira e muitas outras coisas pensadas por meus pais. Meu pai fazia melhorias na esperança da casa ficar mais atrativa para nós, para que fossemos para lá alegres, sem a incômoda sensação de estarmos lá obrigadas.

Comemorei dois aniversários marcantes, de dezesseis e dezessete anos, naquela casa. Levei aproximadamente vinte amigas para lá, em festas que duravam um final de semana inteiro. Tentava aproveitar a casa da melhor forma possível, de forma a tornar a ida para praia mais prazerosa e com menos brigas.

Marcantes Reveillons, sempre com muitos amigos, todos de branco, com direito a desfile até a praia cantando e tocando, para pular as sete ondas no mar; os carnavais com muita marchinha noite adentro e tantas outras ocasiões que pudemos dar e receber alegria de todos os amigos e familiares; finais de semana e férias com jogos de carta, campeonatos de pebolim e pingue pongue, sem esquecer as filmagens de filmes caseiros onde meu pai era o autor e diretor e nós os atores. Os anos foram passando. Dezenas de fotos marcaram estas ocasiões de muita alegria e felicidade.

Quando me casei, a última das filhas, meu pai resolver ampliar a casa. Já tinha um neto e talvez esperasse mais alguns, portanto os dois quartos da casa eram poucos, apesar de sempre termos nos acomodado muito bem na sala, que era muito grande. Mesmo assim, no ano de meu casamento iniciou-se a reforma da casa, com a subida de um novo andar, tornando aquela casa térrea amarela, em um enorme sobrado com quatro quartos, cinco banheiros, banheira de hidromassagem, sala de TV e jogos, e duas churrasqueiras.

Antes da conclusão da reforma meu pai se aposentou, e com a dificuldade de manter duas casas, e sem querer se desfazer da casa da praia, após alguns reveses, meus pais se mudaram em definitivo para praia. Aquela que era a casa de veraneio passou a ser a residência. Um enorme sobrado para um casal... Em um bairro de veranistas...

Íamos rotineiramente para lá, bem menos do que gostariam meu pai e minha mãe. Com dois netos, agora eu já tinha uma filha, tiveram que se adaptar a sair de São Paulo, e passaram a se ocupar mantendo a casa, exageradamente grande para os dois, e a esperar nossas visitas e a dos netos.

Assim, mais dez anos se passaram. Em uma nova vida caiçara, curtiram a infância dos netos, hoje crescidos, que adoravam a casa grande do vovô e da vovó, onde tudo se podia fazer; nadar, correr, brincar, jogar, ir à praia, churrasquear, comer bobagens, curtir os avós.

A última grande festa que ocorreu na casa foi o aniversário de oitenta anos de meu pai. Depois disso ele adoeceu. A casa passou a abrigar meu pai doente e minha mãe cuidadora. Nossas visitas agora eram para vê-los, assistir a ele e minha mãe. Mais dois natais se passaram e reveillons mais comedidos e íntimos. Até que ele se foi em julho, deixando para trás a sua casa querida, que abrigou alegrias e tristezas de nossa vida em família.

A partir daí tivemos que deixa-la para trás também. Fechamos a porta da casa uma semana depois de sua partida, e depois de dois meses guardamos louças, doamos móveis, e a casa está à venda. Neste mesmo dia desativamos a casa para deixa-la mais livre para a visita de possíveis compradores.

Vamos voltar mais vezes, ainda há muita coisa lá para ser retirada, e quando estiver lá pela última vez, quero entrar naquele banheiro e agradecer pelos trinta e seis anos lá vividos, com lembranças boas e ruins, maravilhosas e terríveis. Certa de termos vivido verdadeiramente como uma Família.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Feliz Ano Novo!



Hoje é como o dia de ano novo! 


Após o carnaval, vamos sepultar o natal, o fim de ano, as férias e entrar de cabeça em 2012 antes que ele acabe! E não é exagero.

Lembrei-me hoje de quando, aos quinze anos, conjecturava junto às minhas amigas, o que eu estaria fazendo quando chegasse o ano 2000. Estávamos nos anos 80 sob impacto da leitura do livro de George Orwell, 1984, e seu Big Brother, o original. Brincávamos com a hipótese do fim do mundo, que seria em 2000. Na ocasião eu fazia a conta de que iria estar com 34 anos, velha. E se o mundo acabasse? Tudo bem, já teria vivido o bastante. 

Não existiam ainda os computadores pessoais, a internet e o mundo não era globalizado. Só os muito ricos viajavam para outros países para conhecer outras culturas. Vivíamos em nosso mundinho, com a TV e seus programas com hora marcada, não havia ainda a cultura da “24 horas no ar”. Tudo podia esperar e tinha sua hora, certa e disciplinada. Meus avós viviam cientes de que já conheciam tudo, nada mais a desbravar. E se houvesse? Desnecessário. Seguiam a vida esperando a hora de ir embora. 

Em um salto, me vi em 1999, preocupada com o bug do milênio, ciente de que o mundo não ia acabar, e sim que nós estávamos acabando com o mundo. Mas a mente ainda vivia no século passado, era muito jovem com os meus 33 anos, não tinha vivido o bastante. Na TV já tínhamos uma infinidade de canais de todas as nacionalidades, a internet  era uma realidade e a globalização dava seus primeiros passos. A consciência de que eu não conhecia nada ficava mais evidente a cada dia, com novas descobertas, novas culturas, um mundo que não para, não tem hora e nem lugar. Era preciso mudar. Tratava-se de agarrar o mundo, ou o mundo passaria por cima, te deixando literalmente ultrapassado. 

Começava a corrida... 

Passados doze anos do início do século XXI, nunca ficamos tão conscientes de que é preciso uma grande mudança. Somos de outra era, ainda não sabemos lidar com a urgência de hoje. Estamos adoecendo. Pobres de nós, jovens do século passado. 

As convicções mudaram, e a principal é estar ciente de que elas estarão mudando sempre, nada mais é imutável, sereno, com hora marcada. Sempre haverá o que descobrir, entender e estudar. Nunca estaremos prontos, nada é desnecessário. Estaremos sempre em evolução. 

A geração deste século já nasceu sabendo disso, e para evitar este conflito temos que seguir mudando; a cabeça, as atitudes, o estilo de vida. Seguimos para a geração que não irá arrumar, e sim trocar. Não vai vender, vai se desfazer. Não irá procurar por produtos que sintam necessidade, apenas escolherão de quem comprar, pois ofertas de todos os tipos e gostos não vão faltar. 



Na corrida contra o tempo, a sensação é de que ele não nos dá tempo, e passa inexorável, rápido. Temos que aprender com a geração deste século. Afinal,  vivemos neste milênio e estamos vivos. Mas vivemos? 



Feliz Ano Novo... Para todos nós!