Não me sinto capaz de falar sobre emponderamento feminino nesta época em que se exige muito conhecimento das novas regras de conduta da sociedade, do politicamente correto. Regras que, confesso, nem sempre me parecem certas.
De qualquer forma, acredito
entender bem o que é ser mulher, e sei que nenhuma regra ou lição dada será
aprendida se no berço familiar não existir uma mulher ou um homem capaz de
ensinar para a sua filha, e principalmente para seu filho noções de igualdade.
A mim parece óbvio que nunca
haverá mulher com autoestima, sabedora do seu poder, enquanto se interioriza
uma diferença ensinada desde a infância na criação de homens e mulheres.
Ainda hoje assisto costumeiramente a isso.
Meninas criadas para toda e qualquer função doméstica, porque “ela deve saber
se virar e cuidar de uma casa e de si própria”, e meninos crescendo sem essa
mesma obrigatoriedade, salvo estudar, jogar bola e ser macho. Ser macho é bom, ser fêmea é pejorativo...
Cresci educada em um colégio
feminino, e lá aprendi além do currículo escolar, a ser mulher (daquela época).
Bordar, costurar, boas maneiras e tudo o mais. Faz tempo? Um pouco. Mas as
mulheres já tomavam pílula, Woodstok já tinha acontecido, e foi na minha adolescência
que surgiu a AIDS, que segurou a todos naquele ambiente de liberdade absoluta
dos amores livres. Mesmo assim, na contramão do meu colégio, fui incentivada a
estudar para nunca depender de ninguém, porque apesar de todo tradicionalismo
de meu pai, que sempre assumiu o papel de provedor e nunca permitiu que minha
mãe trabalhasse, não queria isso para as três filhas.
Certamente se eu tivesse um irmão,
a criação dele seria outra. Duvido que tivesse aprendido a cozinhar, arrumar a
casa e passar roupa... Mas nós, eu e minhas irmãs, além de aprender tudo isso tivemos que estudar muito, trabalhar, dirigir, e
tudo mais que pudesse nos proporcionar independência e que normalmente era
oferecido aos homens.
Acredito verdadeiramente que a
evolução feminina se deu por conta desses pais que ensinaram as filhas que elas
podem sim fazer qualquer coisa que queiram. Ao mesmo tempo acredito que os
homens continuam sendo criados como sempre foram, e por isso pouco evoluíram...
A meu ver, a desigualdade de gênero
ainda é presente por conta disso.
Enquanto a mulher tem sido
incentivada a lutar por igualdade, os homens continuam perdidos em um mundo
diferente daquele em que foram criados no berço. Todo e qualquer cenário só
será modificado quando forem criados aprendendo além do que já se ensina, a
cozinhar, passar, cuidar, costurar e tudo o mais costumeiramente ensinado às
mulheres, igualando verdadeiramente os gêneros. Apesar de que hoje são poucas
as mulheres que crescem aprendendo isso.
Estamos longe do mundo ideal, e
não quero discutir os problemas que ainda enfrentamos, principalmente nas
camadas desfavorecidas, onde esse é apenas um dos problemas. Mas o que eu
acredito é que a igualdade de gênero, tão hoje conclamada, precede de termos em
mente que somos humanos, em evolução, seja em que papel for, e que o papel da
família, seja em qual formação for, é criar filhos em igualdade de formação e
oportunidades.
Até lá, continuaremos a comemorar
o Dia Internacional da Mulher!
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