Páginas

quarta-feira, 8 de março de 2023

Dia da Mulher

 



Já é tempo de reverenciar por toda evolução conquistada. Uma nova visão para comemorar e enaltecer as mulheres. Claro que a igualdade de gênero ainda não está completa, bem como outras, e temos ainda que nos posicionar para obter o devido respeito, mas não se pode esquecer que em muito pouco tempo temos conseguido suplantar milênios em que a mulher foi considerada um ser de segunda classe, só pelo fato de ser mulher.

Sabemos que vários foram os motivos que trouxeram a mulher a total subjugação na sociedade, e que o poder da mulher foi retirado a tanto tempo que não conseguimos sequer identificar quando o homem foi colocado no topo da cadeia. Até porque a história foi escrita somente por homens até bem pouco tempo.

Provavelmente muitos milênios a.c., iniciou-se uma era com a imagem da mulher em condições equivalentes à de escrava, numa época em que ser livre significava, basicamente, ser homem. As funções primordiais femininas eram a reprodução, a amamentação e a criação dos filhos.

Já na idade média, um marco no que diz respeito à história das mulheres foi a perseguição, mais conhecida como “caça às bruxas”. Foi um genocídio praticado contra o sexo feminino, na Europa e nas Américas, em que muitas mulheres sofreram agressões e até mesmo perderam suas vidas por serem consideradas feiticeiras.

Na verdade, as Bruxas eram todas e quaisquer mulheres que agiam contra o tradicional e questionavam o sistema. Por isso, era preciso achar um motivo para que a sociedade se voltasse contra elas, para serem julgadas e condenadas a fogueira para serem queimadas basicamente por serem do sexo feminino. Os dogmas religiosos perpetuavam e a religião dominava a sociedade totalmente gerida pelos homens. No “Manual de Caça às Bruxas” de Jacques Sprenger, um monge inquisidor nomeado pelo Papa Inocêncio VIII, publicado no final do século XV, se fazia referência a textos sagrados que mencionavam a criação da mulher, justificando sua inferioridade, em decorrência de a primeira delas ter se formado de uma costela defeituosa de adão, sendo, por esse motivo, um ser vivo imperfeito. Sem dúvida foi o ápice da subjugação total das mulheres.

Já o Brasil regulava-se pelas leis portuguesas, onde o mesmo conservadorismo patriarcal vivido na idade média se fazia presente. a Igreja deu início à educação, que não incluía as mulheres e pregava-se que a mulher devia obediência cega não só ao pai e o marido como também a religião. Consequentemente a mulher vivia enclausurada sem contato com o mundo exterior. Seus dois únicos motivos de viver eram o lar e a igreja. Não era permitido estudar e aprender a ler e somente lhes eram ensinadas técnicas manuais e domésticas. Era a forma a mantê-la subjugada desprovendo-a de conhecimentos que lhe permitissem pensar em igualdade de direitos. Era educada para sentir-se feliz como “mero objeto” então só conhecia obrigações, e assim o foi até o final do século XVIII, onde as constituições Brasileiras começaram a dispor sobre os princípios de igualdade, porém ainda de forma genérica, sem citar expressamente a proibição da discriminação em função do sexo, talvez como reflexo da Revolução Francesa, que deu início a uma grande mudança no pensar da humanidade no final do século XVII.

Mesmo assim, somente na Constituição de 1988 é que foi expressa a igualdade entre homens e mulheres, apesar de que desde a Constituição de 1934 era admitida a igualdade de todos perante a Lei. Assim, desde então temos instrumentos legais para alicerçar a luta, ainda em andamento, pela igualdade. Muitos de nós testemunhas oculares desta história recente.

Portanto hoje creio ser tempo de comemorar tamanha evolução social apesar do tanto ainda a ser percorrido.

Sob outra ótica, quero hoje comemorar todos esses avanços, pois caso contrário, após a publicação deste texto, seria julgada e certamente levada para a fogueira. E que no futuro o 8M seja somente história, e o Ser Humano o seja independente de gênero, raça, cor, orientação sexual ou religiosa.


“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome” 

Clarisse Lispector