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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Sobre morrer e renascer...


 

 

Desde o final dos anos 1970 já ouvimos dizer que era chegada a Era de Aquário, e que então a harmonia e compreensão habitariam este mundo, bem como a simpatia e confiança seriam abundantes, e que haveria a verdadeira libertação da mente. Tal qual a música do musical Hair, Age of Aquarius, que os adultos mais conservadores da época achavam ser um arrazoado de rebeldia e loucura, mas muito além daquele tempo, começava realmente uma nova era na qual cresci.

Sem ao menos suspeitar o que poderia tudo isso significar na minha infância, que foi vivida da forma mais conservadora possível, o mundo realmente começou a passar por significativas alterações, paralelo ao meu crescimento, mas pude, mais sentidamente por ser mulher, perceber. Adolescente dos anos 1980, aproveitei minhas condições e privilégios para estudar e ver a mulher tomar voz no meio profissional e pessoal. A sociedade passou a evoluir em passos lentos questões que hoje, passados quase cinquenta anos, são tão expostas de forma ampla sobre diversidade, liberdade, racismo, solidariedade, direitos, recursos naturais e outros.

Mesmo com toda lentidão, chegamos a mudanças radicais em nossa forma de vida e viver, com a tecnologia se integrando cada vez mais em nosso dia a dia, até se tornar indissociável de nossa vida. Mudamos de século, passamos a ver e acompanhar outros países, povos e costumes e nos globalizar. Cogitamos o final do mundo em 2012 por conta de profecias de antigos povos que aqui habitaram, e outras tantas explicações que se sucedem até hoje sobre o que está nos acontecendo e também em nosso planeta.

A polaridade de opiniões nunca esteve tão presente, e chegamos ao final de 2021 com uma parcela da humanidade esperando a chegada de seres de dimensões mais evoluídas aportarem com suas naves na Terra para nos ajudar, e outra em absoluto adormecimento, acreditando até que a Terra é plana. E no meio dessa multidão, outras muitas e variadas certezas quanto a crenças e verdades do que estamos realmente vivenciando.

Mas o que parece certo a todos, é que ALGO está acontecendo. Uns otimistas quanto a nova era, outros pessimistas acreditando no final dos tempos. Desta vez, a mim me parece que ambos acertam, tanto para o bem tanto quanto para o mal. Pois acredito que qualquer grande mudança passe por uma crise, sempre muito dolorosa, para que então surja o novo.

Saindo, ou tentando sair, de uma pandemia que parou o mundo todo de alguma forma, trazendo à tona tudo o que há de ruim e o que há de bom de cada um de nós, tivemos que nos reinventar. Quero crer que fomos privilegiados ante os dinossauros, que não tiveram opção e foram extintos. Pelo menos até agora...

Neste período tão exclusivo destes tempos, passamos por muitas mortes diárias de tudo que aprendemos como certo. A doença em si que nos cravou na alma a certeza da finitude e fragilidade do corpo físico; a necessidade de conexão com dimensões diferentes (energias, frequências e toda e qualquer onda que nos seja invisível nesta terceira dimensão) para que a mente não tresloucasse; a exposição da fragilidade ou fortaleza das nossas relações, que nos afastaram de muitas pessoas ou nos aproximaram de forma verdadeira à outras.

Neste turbilhão que andamos metidos neste momento, na verdade o que precisamos é nos abrir ao novo, sepultando as muitas crenças que nos limitaram por anos, séculos e milênios.

Não é preciso exemplificar o quanto tudo isso tem sido doloroso e desafia nossa saúde mental. Cada um em seu íntimo vive momentos difíceis nessa transição, assim como as pessoas ao redor, e assim por diante, formando uma rede que envolve nosso planeta.

É preciso entender como essa teia de dificuldades pode se transformar e resultar na nossa evolução. Quero crer que o auto conhecimento seja a arma mais poderosa, pois somente sabedores de quem somos e o quanto nos falta, equilibraremos o ego para vivermos em paz e com empatia.

“Conhece-te a ti mesmo, torna-te consciente de tua ignorância e serás sábio.” Sócrates


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Nova Era


 

Aquela tão famosa frase dos mais velhos e vividos (categoria a qual cada vez me encaixo mais), que começa com um “No meu tempo era melhor...” além de denotar uma certa prepotência e arrogância, típica daqueles que se acham experientes e cheios de ensinamentos, nos leva a um certo distanciamento do HOJE, que devemos nos esforçar para estar.

Ao mesmo tempo, impossível viver no turbilhão desse terceiro milênio, sem saudosismo daquilo que só existia “no meu tempo”, seja em que tempo for. 

Mas era mesmo melhor, apesar do aparente caos instalado no planeta?

Não é esse caos o resultado de toda sujeira escondida por tantos séculos, e agora remexida e exposta?

É preciso ter esperança de que tudo melhore, e enxergar aquilo que melhorou com o passar dos anos. Para isso é necessária uma mudança de mentalidade, repensar valores, e principalmente romper com as crenças limitantes que incorporamos em nossas mentes, e nos bloqueiam em todos os sentidos, principalmente no amor ao próximo.

Alguns posicionamentos que já vinham sendo questionados antes desse 2020, explodiram em dúvidas e conflitos neste ano que finda ainda tão revolto. E quantas lições a serem aprendidas. Quantas perdas e fraturas expostas para que sejam assimiladas.

Mas não podemos nos furtar de sermos gratos pela oportunidade de presenciar toda a transformação de uma sociedade, para melhor, temos que acreditar. Mesmo com as dores e sofrimentos que temos presenciado, pois toda mudança remexe, suja e bagunça, para só então tudo ser limpo e organizado.

Apesar do que vemos no mundo visível, tão doído e perturbador, devemos crer que há um sentido dado pelo universo no invisível, que está cada vez mais amplo e palpável.

Sem dogmas e sem regras. Sem crenças, mas com muita espiritualidade. Pois a verdadeira espiritualidade transcende às religiões, que vivem no passado e no futuro, e só prometem a paz para depois da morte, enquanto a espiritualidade vive no presente e nos faz encontrar à Deus em nosso interior durante a vida, no agora.

Seguir nesta busca, desmascarando aquilo que se acreditou ser bom, vendo sem máscaras o que é para o bem ou não, para que o mundo possa evoluir de tal forma que a todos a vida seja boa, e não só para alguns. Este deve ser o novo mundo.

Que sejamos seres da Nova Era.💜


É chegado o tempo em que o exemplo do Cristo será seguido.

Um tempo sem religiões...

Um tempo sem falsos profetas...

Um tempo em que não se abuse da boa fé das pessoas...

Um tempo de respeito ao outro...

Um tempo sem distancias...

Um tempo de amor incondicional...

Onde todos os dias é Natal!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Que década senhores, que década...




Renova-te.


Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.


Cecília Meireles



Habitualmente, e desde sempre, faço eu em minha mente a retrospectiva de meu ano e minhas metas para o ano novo. Desta vez com um enorme significado pois estamos fechando mais uma década, então, nada mais natural que pontuar os avanços e mudanças ao longo destes 10 rápidos anos, e porque não, as metas para a terceira década deste que é, o terceiro milênio.

Minha mente se reporta então ao final do século XX e toda angústia e aflição que tivemos com a possibilidade do “Bug do milênio”, totalmente infundado e vazio, porém nos mostrando nossa habilidade para o pânico coletivo em assuntos que não dominamos, enquanto vemos outros que deveriam, ai sim, causar verdadeira histeria, passarem ao largo sem nos darmos conta.

Sim, pois o propagado Bug não ocorreu, mas vimos uma verdadeira explosão de novos modos e costumes, que alteraram de forma impactante nossas vidas e valores. Muitas coisas viraram do avesso, mas, certamente hoje entendemos que o avesso acabou sendo a melhor forma em muitas coisas. Foi a virada do século!

Agora, já nesta década que se finda, o avesso virou e desvirou tantas vezes que não cabe mais dizer que exista o lado certo. Acabei por concluir que minhas certezas se tornaram incertezas e minhas incertezas continuam incertas. De certo, ah! E isso é certo mesmo, é que estamos aqui nestas paragens terrestres unicamente para evoluir de alguma forma, e continuei então a buscar como e de que forma. Como progresso pessoal, aprendi que não há uma forma única para tal, e para mim, particularmente, a única forma é o autoconhecimento cada vez mais profundo.

Sempre acreditei nisso, mas especificamente no decorrer deste período, concluí ser necessário retirar a viseira do certo e arriscar mais pelo incerto, ou seja, continuo acreditando no poder superior que nos rege, mas hoje creio que ele pode se apresentar de muitas formas, circunstâncias, crenças e rituais. Um destino pode ter muitos caminhos, que podem ir mudando, e isso não é um problema, cada qual tem a liberdade de escolher seu caminho, e mudar no percurso, se assim quiser. Afinal, se todos os caminhos levam ao mesmo destino...

Entro nesta nova década bem diferente do que há dez anos. Aliás, praticamente em quase tudo. Posso pontuar a mudança da perspectiva em relação ao futuro. Havia em mim, aos quarenta e poucos anos uma certeza do que queria e alcançaria seguindo a vida como estava levando, Risos... mais risos e gargalhadas... mas a vida não perdoa quem se acomoda, e como no mar revolto, foi onda atrás de onda.
Algumas me derrubaram, outras bateram bem forte, muitas me lavaram a alma, e caminhando cheguei ao rasinho, mais forte e mais lúcida.  

Então espero que quando o mar voltar a ficar revolto, e certamente ele ficará, eu sinta menos os impactos das ondas, justamente por ter agora a certeza de que não há como programar nada, pois nada está em nossas mãos. E aceitar esta impotência é o que transforma a vida. Posso sim, claro, ter planos e objetivos, mas nada de certezas e obstinações.  Não me cabe mais. Agora é só gratidão!

Neste final da década, tenho meditado, orado e recitado mantras para o espírito, exercitado o corpo, trabalhado a mente e estudado cada vez mais. Tudo o que aprendo só me confronta com tudo que ainda não sei, e me faz estudar mais, para estar cada vez mais ciente que tudo está se movimentando, mostrando o quão pouco eu sei.

Sinto muito, 
             Me perdoe,
                        Te amo,
                                 Sou grato!  
                                            
                                                Ho' oponopono 


Feliz 2020!

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Vida!







Dos muitos adjetivos que a vida tem, o que mais se adequa para mim é o quanto ela é surpreendente.

Em um dia você pode sentir o peso das muitas decisões cobradas diariamente e no outro pode sentir toda a leveza da liberdade que essas mesmas escolhas te dão;

De repente você acha que não vai sobreviver na ausência de alguém ou alguma coisa, e no momento seguinte se vê respirando plenamente, e sobrevivendo, e voltando a viver;

As vezes não dá importância para algo rotineiro para depois sentir faltar o ar e o chão quando perde, e até que se restabeleça sofre e sente falta;

Está feliz e acomodado, quando alguma notícia balança todas as estruturas que a anos estão assentadas, ou talvez esteja envolvido em alguma bagunça generalizada e num instante o vento para de soprar tão forte, e tudo se acalma;

Espera um grandioso acontecimento e quando finalmente acontece se decepciona, mas também as vezes sem esperar tudo muda de forma espetacular;

Alguém nasce, outro morre, alguém chega e outro parte. Tudo simultaneamente com as tristezas e alegrias que demandam dos fatos;

Aquilo que parece ser tão verdadeiro se mostra e você enxerga a mentira, ou aquilo que parecia tão absurdo já não é tanto e você passa a ter como normal, ou aceitável;

Você consegue se encaixar em todas essas situações, mas a sua ótica é única e ninguém experimentará igual, e tal qual a qualquer um, vai sentir de uma forma impar que vai marcar sua existência de modo a tornar você quem você é...  

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017



Feliz Ano Novo

“...Entendi que tudo o que o verdadeiro Deus faz durará para sempre. Não há nada que possa ser acrescentado e não há nada que possa ser tirado. O verdadeiro Deus fez as coisas desse modo, para que as pessoas o temessem.

O que acontece, já aconteceu; e o que existirá, já existiu. Mas o verdadeiro Deus procura aquilo que se busca.

Também vi o seguinte debaixo do sol: no lugar da justiça havia maldade, e no lugar da retidão havia maldade.

Então eu disse no meu coração: “O verdadeiro Deus julgará tanto o justo como o mau, pois há um tempo para toda atividade e para toda ação... ” 



Fases.

Que vão passando e nos ensinando, pois tudo dura um tempo certo, que deve ser respeitado e aproveitado.

Temos os minutos e as horas que compõe o dia, que a cada sete faz uma semana, que a cada quatro completam o mês. Temos as fases da lua no mês, as estações climáticas no ano. Os anos que compõe um século, bem como  as eras já vividas em nosso planeta terra. Dentro dessa contagem de tempo, temos a nossa existência, que é uma fase na evolução do nosso espírito, onde contamos com a infância, a adolescência, a juventude, a maturidade e a velhice. Depois para tudo recomeçar em outro tempo para a nossa evolução.

O importante é a consciência de que cada fase tem suas lições e seus aprendizados, alegrias e tristezas. Aceitar e viver cada fase da vida da melhor forma possível, porque novas fases virão. Boas ou ruins, mas virão.

Mais um ciclo se encerra, cheio de novas conquistas e derrotas, novos aprendizados e novas decisões.  Assimilando as descobertas e digerindo as que não foram tão boas para que se transformem em algo bom e frutífero. O destino não está programado e nem é inevitável, creio nisto, o destino é uma questão de escolha. Que saibamos escolher, apesar das dúvidas e das críticas.

A ferramenta da dúvida e da crítica são a agulha e linha que tecem a inteligência”  (Augusto Cury)


E que venha 2018!

segunda-feira, 26 de setembro de 2016




Só um lembrete!
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e
inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,
pois a única falta que terá,
será desse tempo que infelizmente não voltará mais.
Mário Quintana

Chegar aos 50 e olhar para trás... Pode-se dizer que é um clichê inevitável.

Às vésperas dos cinquenta anos da minha chegada nesta vida, me sinto igualmente de quando fiz 20, 30 e 40 anos. No espelho me enxergo da mesma forma de quando aos vinte tentava alisar meu cabelo sempre tão armado, e hoje quase aos cinquenta, tento armar um pouco os fios alisados pela escova progressiva... Isso todos os dias pela manhã, rotineiramente.

O olhar é o mesmo, a vida é a mesma, a essência é a mesma.

Agora não me mostrem fotos... Nelas vejo o tempo impresso e reconheço a rapidez que se passaram todas as minhas realizações e desilusões. Parece ser assim, no espelho a chama da vida que se renova a cada movimento e nas fotos as marcas que o tempo deixou.

Passou rápido? Passou nada! Se eu começar a pensar nas tantas coisas que aconteceram nesses cinquenta anos fica difícil dizer que parece que foi ontem... Na minha história tem o namoro, o emprego e carreira, o casamento, a filha... Na história ao meu redor tem a ditadura, as diretas já, a televisão colorida, o computador, a internet, os celulares... Caramba, quando aos vinte anos achei que poderia falar com qualquer pessoa em tempo real por meio de um pequeno aparelho nas mãos... E reclamar quando a pessoa demora em responder!

Ao mesmo tempo foi muito rápido quando me lembro de acordar pela manhã, e me olhar no espelho do banheiro da minha casa em São Paulo aos vinte anos, e imaginar que tudo daria certo, que eu iria conseguir ter a vida que sempre sonhei. Piscar e acordar agora, em outro espelho, trinta anos depois. E a estrada que me trouxe para esse espelho foi parecida com a que eu planejei, mas me deixou em um lugar com diferentes conquistas e perdas.


Vou completar 50 anos. Não queria ser uma jovem de novo, porque é muito difícil ser jovem em qualquer tempo, pois não se sabe o que esperar da vida e do mundo, a apreensão é muito estressante, por isso a vitalidade tem que ser grande... Também não quero ser uma senhora de 80 anos, pois quero lutar ainda para não ser amargurada e triste como muitas que vejo por aí, sozinhas e perdidas por terem deixado passar a oportunidade impar que é a vida.

Quero mais é ter 50 mesmo! Pensar em tudo que passei com um sorrisinho no canto da boca, rir de muitas coisas que passaram e ás vezes me entristecer com algumas perdas e fracassos. Viver mais quantos anos ainda me seja permitido viver, pois como disse sabiamente Kundera, “A felicidade de ser festejada supera em mim a vergonha de envelhecer”.

terça-feira, 8 de março de 2016

Ser mulher... Ser homem... Ser humano





Não me sinto capaz de falar sobre emponderamento feminino nesta época em que se exige muito conhecimento das novas regras de conduta da sociedade, do politicamente correto. Regras que, confesso, nem sempre me parecem certas.

De qualquer forma, acredito entender bem o que é ser mulher, e sei que nenhuma regra ou lição dada será aprendida se no berço familiar não existir uma mulher ou um homem capaz de ensinar para a sua filha, e principalmente para seu filho noções de igualdade.

A mim parece óbvio que nunca haverá mulher com autoestima, sabedora do seu poder, enquanto se interioriza uma diferença ensinada desde a infância na criação de homens e mulheres.

Ainda hoje assisto costumeiramente a isso. Meninas criadas para toda e qualquer função doméstica, porque “ela deve saber se virar e cuidar de uma casa e de si própria”, e meninos crescendo sem essa mesma obrigatoriedade, salvo estudar, jogar bola e ser macho. Ser macho é bom, ser fêmea é pejorativo...

Cresci educada em um colégio feminino, e lá aprendi além do currículo escolar, a ser mulher (daquela época). Bordar, costurar, boas maneiras e tudo o mais. Faz tempo? Um pouco. Mas as mulheres já tomavam pílula, Woodstok já tinha acontecido, e foi na minha adolescência que surgiu a AIDS, que segurou a todos naquele ambiente de liberdade absoluta dos amores livres. Mesmo assim, na contramão do meu colégio, fui incentivada a estudar para nunca depender de ninguém, porque apesar de todo tradicionalismo de meu pai, que sempre assumiu o papel de provedor e nunca permitiu que minha mãe trabalhasse, não queria isso para as três filhas.

Certamente se eu tivesse um irmão, a criação dele seria outra. Duvido que tivesse aprendido a cozinhar, arrumar a casa e passar roupa... Mas nós, eu e minhas irmãs, além de aprender tudo isso tivemos que estudar muito, trabalhar, dirigir, e tudo mais que pudesse nos proporcionar independência e que normalmente era oferecido aos homens.

Acredito verdadeiramente que a evolução feminina se deu por conta desses pais que ensinaram as filhas que elas podem sim fazer qualquer coisa que queiram. Ao mesmo tempo acredito que os homens continuam sendo criados como sempre foram, e por isso pouco evoluíram...

A meu ver, a desigualdade de gênero ainda é presente por conta disso.

Enquanto a mulher tem sido incentivada a lutar por igualdade, os homens continuam perdidos em um mundo diferente daquele em que foram criados no berço. Todo e qualquer cenário só será modificado quando forem criados aprendendo além do que já se ensina, a cozinhar, passar, cuidar, costurar e tudo o mais costumeiramente ensinado às mulheres, igualando verdadeiramente os gêneros. Apesar de que hoje são poucas as mulheres que crescem aprendendo isso.

Estamos longe do mundo ideal, e não quero discutir os problemas que ainda enfrentamos, principalmente nas camadas desfavorecidas, onde esse é apenas um dos problemas. Mas o que eu acredito é que a igualdade de gênero, tão hoje conclamada, precede de termos em mente que somos humanos, em evolução, seja em que papel for, e que o papel da família, seja em qual formação for, é criar filhos em igualdade de formação e oportunidades.


Até lá, continuaremos a comemorar o Dia Internacional da Mulher!

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Maratona




O maratonista durante a corrida, depois de percorrer muitos quilômetros olha para trás e não enxerga mais o início. Sabe que já percorreu mais da metade da prova, está cansado e com muitas bolhas nos pés. Pensa em diminuir o ritmo quando vê o que já passou, mas nesse instante olha para frente e vê a linha de chegada se aproximando. Os pés doem, o fôlego não é mais o de início, o corpo sofre e ainda há muito para correr. Como aliado tem o vento, o sol, a chuva, o frio, o calor, tudo no seu tempo. O incentivo da torcida faz acelerar, e quando está contra por vezes o desestimula, mas pode servir como aditivo.

Ele não corre para vencer. O mais importante é correr contra si mesmo, por vezes a meta é apenas conseguir completar a prova. Como estratégia pode correr a distância toda em ritmos diferentes ou andar e correr alternadamente por todo o percurso.

O importante é não parar...

Sabe que ao cruzar a linha de chegada deve estar inteiro, mesmo cansado, e satisfeito e em paz por não ter prejudicado nenhum outro corredor. A distância percorrida lhe dará uma enorme satisfação de dever cumprido, mas sente no percurso a dificuldade que é completar a prova.

O que deve ter em mente? Foco no seu objetivo; atenção; equilíbrio entre a razão e a emoção, para saber quando acelerar e quando desacelerar; esquecer o cansaço.

O importante é não parar...

Em sua mente já pensa na próxima corrida, tem que ser melhor que essa, os pés não podem sofrer tanto, tem que ter mais folego, precisa eliminar alguns problemas que tiram a concentração. Programa mentalmente que se cuidará melhor para que o corpo tenha um melhor desempenho, que esteja mais preparado física e mentalmente. Sempre na hora da corrida se conscientiza da importância de traçar metas para que os obstáculos sejam menores, os tropeços custam caro... Essa já está acabando, seja qual for o resultado, agora é pensar na próxima.

A maratona 2014 está acabando... Que a 2015 seja melhor!




sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Shakespeare


Esse texto de William Shakespeare é muito reproduzido, mas é de uma verdade irrefutável.

Feliz daquele que consegue a tempo enxergar a sua  mensagem!



O Menestrel


Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança ou proximidade. E começa aprender que beijos não são contratos, tampouco promessas de amor eterno. Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos radiantes, com a graça de um adulto – e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, pois o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, ao passo que o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol pode queimar se ficarmos expostos a ele durante muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe: algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e, por isto, você precisa estar sempre disposto a perdoá-la.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se leva um certo tempo para construir confiança e apenas alguns segundos para destrui-la; e que você, em um instante, pode fazer coisas das quais se arrependerá para o resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e que, de fato, os bons e verdadeiros amigos foram a nossa própria família que nos permitiu conhecer. Aprende que não temos que mudar de amigos: se compreendermos que os amigos mudam (assim como você), perceberá que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou até coisa alguma, tendo, assim mesmo, bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito cedo, ou muito depressa. Por isso, sempre devemos deixar as pessoas que verdadeiramente amamos com palavras brandas, amorosas, pois cada instante que passa carrega a possibilidade de ser a última vez que as veremos; aprende que as circunstâncias e os ambientes possuem influência sobre nós, mas somente nós somos responsáveis por nós mesmos; começa a compreender que não se deve comparar-se com os outros, mas com o melhor que se pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se deseja tornar, e que o tempo é curto. Aprende que não importa até o ponto onde já chegamos, mas para onde estamos, de fato, indo – mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar servirá.

Aprende que: ou você controla seus atos e temperamento, ou acabará escravo de si mesmo, pois eles acabarão por controlá-lo; e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa o quão delicada ou frágil seja uma situação, sempre existem dois lados a serem considerados, ou analisados.

Aprende que heróis são pessoas que foram suficientemente corajosas para fazer o que era necessário fazer, enfrentando as consequências de seus atos. Aprende que paciência requer muita persistência e prática. Descobre que, algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, poderá ser uma das poucas que o ajudará a levantar-se. (…) Aprende que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido: simplesmente o mundo não irá parar para que você possa consertá-lo.

 Aprende que o tempo não é algo que possa voltar atrás. Portanto, plante você mesmo seu jardim e decore sua alma – ao invés de esperar eternamente que alguém lhe traga flores. E você aprende que, realmente, tudo pode suportar; que realmente é forte e que pode ir muito mais longe – mesmo após ter pensado não ser capaz. E que realmente a vida tem seu valor, e, você, o seu próprio e inquestionável valor perante a vida.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Ano Novo! Século Novo?




“Alice: Quanto tempo dura o eterno?
Coelho: Ás vezes apenas um segundo.”

Em meio aos usuais clichês referentes à passagem rápida do tempo, repetidos durante o ano todo, mas de forma mais feroz próximo ao natal, chegam nossas eternas reflexões de final de ano.

E sempre necessário fazer o balanço anual das conquistas e frustrações, mas ultimamente deve-se deixar a balança mais leve para não correr o risco de começar a nova roda viva na desesperança. É tempo de ação, física e mental, portanto não nos deve caber nesse momento desgastes acerca daquilo que não deu certo, ou muita celebração pelo que deu.

Na contra mão ao que se prega ultimamente de que devemos parar um pouco de tanto correr, chego a conclusão de que temos que correr mais, e assim quem sabe alcançarmos o tempo atual, que não está dando tempo pra ninguém...

Mensagem subliminar neste momento turbulento da humanidade onde obviamente que correr, neste contexto, não quer dizer estressar-se demasiado, e sim acompanhar o século XXI de forma definitiva, pois estamos entrando em 2014.

Passados treze anos da virada do século, ainda estamos sonolentos e temos que imprimir rapidez para nossa estada no novo milênio, senão ficaremos para trás.

O que foi errado passou e o que deu certo também, no mais resta-nos viver o presente inserido no novo tempo, por isso deve-se correr. Não há mais espaço para reflexão coletiva, não cabem mais lamentações, temos que nos adaptar, e estamos atrasados, tal qual o coelho branco de Alice.

Como contraponto ficam as questões individuais, que nessa correria para acompanhar o tempo tem ficado de lado. É preciso mudar o sentido e a direção da vida, parar em si e assim correr como o tempo e no tempo.

Portanto, para muitos antes da hora, fica o meu balanço de 2013. Ansiosa pela chegada de 2014, espero que meu relógio deixe de ser uma referência e que eu consiga mergulhar no novo tempo de forma definitiva, afinal este é o meu tempo.


 “É tarde! É tarde! É tarde até que arde! Ai, ai, meu Deus! Alô, adeus! É tarde, é tarde, é tarde!”



FELIZ 2014