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quinta-feira, 27 de abril de 2023

Astrologia e a nova era

 


Nascida em meados dos anos 1960, e quase chegando aos sessenta, há muito tenho estudado astrologia, mesmo com um hiato de 25 anos. Ou seja, estudei bastante no início de minha juventude sobre os signos solares, mapa astral, o estudo básico,  e agora depois dos cinquenta, de forma mais interessada e profunda. Obviamente, que toda oportunidade de pesquisas está sendo ofertada e possível pelas novas tecnologias da era de aquário, que nos ajuda a encontrar de forma mais rápida, respostas mais complexas para entender a todas as mudanças e manifestações que encontramos por agora.

Para os que estão atentos e sensíveis a todas essas modificações que temos presenciado no mundo, tanto no coletivo quanto no individual, é notório que estamos ingressando em uma Nova Era, a finalização de um grande ciclo e ingresso em outro. Isso já vem acontecendo há décadas, mas desde 2020 notadamente perceptível.

Esse movimento iniciou na década de 60, mas ficou mais intenso nos dias atuais, após o evento da pandemia, e parece que se estenderá ainda por alguns anos, nos obrigando a mudar planos e valores até então imutáveis, e focar no que deve ser considerado, de fato, importante. São situações de intensidade bastante fortes que tem nos obrigado a mudanças de paradigmas, comportamentos e principalmente a necessidade de expansão da consciência.

Somos então, sem qualquer sombra de dúvida, coparticipantes desse momento de evolução planetária, o que certamente pode transtornar mentes e comportamentos coletivos e individuais.

De volta a astrologia, lembrando as Eras anteriores, podemos entender o que estamos passando.

Uma era astrológica é consequência do movimento chamado de precessão dos equinócios, um fenômeno físico que gera uma variação gradual e contínua no eixo da terra. Esse movimento desloca o ponto vernal, ou seja, para qual constelação o sol vai apontar. Mudar de constelação leva cerca de 2160 anos e cada constelação indica qual era estamos vivendo.

A vigência de cada Era é marcada pelos símbolos astrológicos. Na Era de Touro, pudemos observar que o Touro era um animal adorado no Egito, nesta era surgiu a organização e o desenvolvimento da agricultura, a adoração de deuses relacionados ao elemento terra. Na Era seguinte, a Era de Áries, começamos a forjar o ferro e fabricar objetos de guerras, como as espadas, vimos então o surgimento de deuses masculinos e as guerras corpo a corpo. O masculino ganhou força e destaque nas olimpíadas gregas, que começaram a acontecer nessa Era. 

Dois mil anos atrás o ponto vernal apontava então para constelação de peixes, uma era marcada pelo cristianismo e a crença na religião. Foi a época dos grandes avatares como Buda, Confúcio, Sócrates e claro o próprio Jesus Cristo, que nos apontaram caminhos e filosofias a serem seguidas. O peixe é o símbolo dessa Era. Observamos a busca da conexão com o divino, o medo do pecado e os dogmas que foram implantados na humanidade.

Chegamos a era de Aquário, que é ar, simbolizando as trocas, a tecnologia, a inovação, a revolução, o coletivo e o social, com o auxílio do surgimento da internet e novas tecnologias. Percebemos também o interesse nas questões espaciais, na consciência de não estarmos sós no universo.

Tudo isso nos faz viver com sentimentos diversos, alguns já conscientes da nova era e outros ainda descrentes e acreditando em finais apocalípticos dos dogmas da era de peixes. Astrologicamente tudo isso é normal, pois é uma transição que esbarra em vários tipos de sensações.

Creio que esta nova era será mais afetiva e feminina, orientada pelo sentimento e a intuição, a necessidade de nos reconectar com a natureza e a salvação do planeta.

Independente das crenças, que devemos desconstruir urgentemente, tudo deve convergir para um mesmo ponto, que é o da solidariedade, reconstrução e a valorização do coletivo, sem preconceitos e reconhecendo que vivemos modelos ultrapassados.

Junto com o planeta, precisamos de uma transformação interna e externa urgentemente, acompanhando o movimento do planeta rumo a evolução, sem medos e sem perder essa carona maravilhosa.

sábado, 8 de abril de 2023

Uma nova Páscoa!


 


Já comemorei a páscoa muitos anos, desde criança. Primeiro na Igreja Católica, da qual fiz parte nos meus primeiros dezoito anos de vida. Lembro-me que desde a quarta-feira de cinzas, era um período de muitas reflexões e respeito, e de campanhas em auxílio aos mais necessitados que fazíamos no colégio de freiras em que eu estudava. Fazíamos competições entre as classes de quem arrecadava mais dinheiro para a campanha da fraternidade... lembro que uma vez, cheguei a pegar escondido da carteira (furtar mesmo!) da minha mãe um boa quantia para doar na classe para conseguirmos "ganhar" a competição. Não sei se ganhamos, mas lembro das boas palmadas que recebi da minha mãe por ter pego o dinheiro. E na minha cabeça por muitos anos me senti injustiçada por ter sido penalizada por dar dinheiro para a igreja ajudar aos pobres, em um total conflito sobre dar ou não a quem tem menos.

Um outro ano, ainda criança, passei a sexta feira santa totalmente em jejum, lendo o evangelho e "tentando" sofrer em memória de Jesus. Devia estar com sete anos e estava fazendo o catecismo para a primeira comunhão. Os anos seguintes, sempre um dia de muito respeito, sem alegria, sem música, sem muita comida, para no domingo sim, celebrar e esquecer toda a tristeza. Jamais recebi qualquer explicação do porquê de tudo isso, porque tínhamos que sempre lembrar do sofrimento de Jesus só neste dia... e sendo católica, portanto não acreditando em reencarnação, tentava entender o que eu tinha a ver com o que fizeram para Jesus e porque eu estava em pecado se eu não tinha nada a ver com com tudo aquilo. E com o passar dos anos eu pensava, será que Jesus acha legal isso? Deus nos quer ver sofrendo? Todas essas indagações me distanciaram da Igreja e acabei passando por um hiato em que a Páscoa era basicamente um almoço na sexta sem carne e uma comemoração em família no domingo.

Fui aos poucos entendendo, já na vida adulta, os simbolismos escondidos nesta data, apesar de ainda envoltos em grandes véus de crenças limitantes. O sentido da fraternidade, de ajuda ao próximo, o renascimento pelo exemplo de Jesus, e tudo o mais, porém ainda no sentido do pecado, agora carma, que temos que resgatar pelo sofrimento. Mas já entendendo que pelo amor era possível resgatar todos os erros, mesmo sendo muito difícil, a aceitando até que era impossível.

Fomos ensinados desde sempre que somos pecadores e portanto, temos que nos redimir passando por todo o rol de sofrimentos e dificuldades, e mesmo assim jamais alcançaremos o exemplo de Jesus, que nos deu a vida pelos pecados da humanidade. Ou seja, já nascemos sabendo que jamais alcançaremos esse patamar, salvo se conseguirmos fazer o mesmo, e aí poderemos até virar santos, ou, se preferir, um ser de luz. Uma meta quase impossível a meu ver, para mim. 

Depois de muitos anos aceitando o sofrimento como fatos da vida, muitas rasteiras e decepções, muita dor e provações (como qualquer ser humano), começo a me desfazer dessas crenças e estudando mais todos esses simbolismos sem nenhuma religião, dogmas e crenças.

Em nada quero desrespeitar a quem quer que seja que siga os ritos e dogmas das muitas religiões, principalmente as cristãs, até porque acredito no Cristo, que foi enviado à terra, para mudar significativamente a humanidade, e conseguiu, pois até hoje é lembrado. Mas, para mim, seu exemplo vem sendo deturpado há muitos séculos por crenças limitantes que nos desconectaram completamente do que ele propôs.

Hoje começo a entender a Páscoa como uma festa dedicada a renovação da vida, uma comemoração que se iniciou 12 séculos a.C, quando, após o equinócio da primavera*, no hemisfério norte, se festejava a primeira lua cheia da primavera, onde novamente os frutos e flores começavam a renascer. A vida renascia então. O tempo era medido pela lua, que rege a natureza, e não pelo sol como é hoje. Sendo uma festa da lua, que regulava a natureza, a procriação animal e humana, a lua é o símbolo exato da renovação da vida.

Primeiro os judeus passaram a comemorar o Deus deles nesta data, e a Igreja Católica incorporou no calendário cristão, no século V d.C. E a ressurreição de Jesus se encaixou perfeitamente na ideia de renovação da vida. E com o calendário juliano, e posteriormente o gregoriano**, esquecida a natureza, a data ficou fixa, regida pelo sol.

Assim, independente de religiões e dogmas, a Páscoa é tempo de renascer e renovar a fé, entendendo que os problemas e desafios vem em ciclos como as estações do ano,  e a colheita, ora boa e ora ruim, depende do que foi plantado anteriormente. Que possamos despertar e desconstruir esse sentido de pecado e punição que nos foi incutido por tantas gerações e gerações, em tantos séculos e séculos, onde fomos nos desconectando do sentido mágico da natureza e sua sabedoria sagrada dada pela fonte criadora que tudo é, ou Deus, como ressoar em cada um.

E assim,  que seja uma Páscoa de luz, paz e bençãos, 

a todos os homens de boa vontade!


*Equinócio de primavera é o fenômeno astronômico que marca o início oficial desta estação no hemisfério norte, entre os dias 20 e 21 de março

**Calendário Gregoriano foi criado em 1582, para ajustar o ano civil ao ano solar, período que a Terra leva para dar uma volta ao redor do Sol, substituindo o calendário juliano, romano.